quinta-feira, 30 de setembro de 2010

HOJE! DEBATE IMPERDÍVEL DE PRESIDENCIÁVEIS: MÁSCARAS PODERÃO CAIR DIANTE DE SILÊNCIO E MENTIRAS AMBIENTAIS

Às 22:30h, na Globo, acontecerá o derradeiro debate presidencial antes do 1º turno. Não perca! Muita coisa pode mudar. Veremos dois candidatos que, ignorando a área ambiental nos debates anteriores, representam a velha política segundo a qual, na prática, sustentável é um termo de moda, eleitoreiro, passageiro, a ser agregado à noção de desenvolvimento. Do outro lado Marina Silva (PV), que vem sendo chamada de “ecochata” justamente por apresentar fatos e projetos indicando que não existe desenvolvimento sem sustentabilidade.

 Fique atento ao debate! Seguindo à risca a velha e obsoleta política, a candidata governista apresentará o PAC como salvação do Brasil. Mas, como será que ela vai maquiar o fato de que, camuflado em meio a bons projetos, o pacote inclui a construção de 19 hidroelétricas em plena Amazônia sem a menor noção das consequências, incluindo São Luiz, no rio Tapajós, em área de preservação ambiental e Belo Monte, que será a 3ª maior do mundo, encravada na grande volta do rio Xingu? Pior, sob a real premissa de que o país precisa de energia para crescer, talvez até se vanglorie de ter sido ela, enquanto ex-ministra de Minas e Energia e Chefe da Casa Civil, que sancionou o projeto. Precisamos sim aumentar a oferta de energia, mas não a qualquer custo. Precisamos de desenvolvimento, mas não insustentável. (veja, neste blog, as postagens TRF FAZ ACORDO PARA TROCAR JUIZ QUE SUSPENDEU BELO MONTE e DOSSIÊ ATUALIZADO DE BELO MONTE)

sábado, 25 de setembro de 2010

SOBRE VELHOS MODELOS

Sejamos sinceros! Não foi só o governo. Cultuamos tanto o que conseguimos que esquecemos o que poderíamos (deveríamos) ter conseguido. Tudo sob uma surreal noção de desenvolvimento que precisaria do óbvio, e até redundante, incremento do termo sustentável para fazer sentido. Trata-se de um longo processo que nos deixou avessos a novas formas de fazer economia e política, que poderiam levar em conta os diferenciais do Brasil e ter a coragem de ir a fundo nas mudanças. Os sinais são muitos, mas, às vésperas das eleições, o alerta veio de onde menos se esperava.

Após declarar, em entrevista, que o modelo cubano não funciona mais, Fidel Castro foi a público explicar que foi mal interpretado quando quis dizer que, na verdade, o modelo capitalista é que não servia mais para os EUA, pro mundo nem para Cuba. Considerando as mudanças que seu irmão vem fazendo, não faltaram artigos de especialistas brasileiros em política caribenha afirmando que se tratava de um jogo de cena para acalmar e preparar a população desesperada com a iminente queda do insustentável sistema da ilha. Contudo, a nossa doutrinação neoliberal é tanta que ninguém cogitou a possibilidade da segunda afirmação também estar correta: o capitalismo simplesmente está obsoleto, incompatível com a realidade socioambiental do planeta.

É consenso entre ambientalistas que se o padrão de consumo americano for adotado por todos os países (mais ou menos 7 bilhões de pessoas) precisaríamos de, pelo menos, mais 3 planetas com o diâmetro da Terra para extrair recursos e colocar dejetos. Contudo, não só cultuamos tal padrão de consumo como dependemos dele. Na recente crise mundial deflagrada em 2008 as primeiras medidas do governo foram incentivos fiscais às montadoras e ao crédito. Isso porque no nosso sistema econômico a geração de empregos depende de um patamar de consumo cada vez maior.

Fala-se muito de “capitalismo verde”, com empresas produzindo produtos cada vez mais “verdes”. Sou a favor de produtos ambientalmente corretos e elaborados sem crueldade com os animais, mas, enquanto o consumo não for desvinculado da geração de emprego continuaremos no mesmo ciclo vicioso que vem destruindo o meio ambiente. Alguma sugestão?

domingo, 19 de setembro de 2010

AMBIENTALISTAS: NÃO DÁ PRA FICAR EM CIMA DO MURO

Confesso que a recente declaração do cineasta canadense James Cameron de que o governo brasileiro tem agido de forma obscura para forçar a construção da Hidroelétrica de Belo Monte, na Amazônia, soou, até inconscientemente, por um breve momento, como uma acusação pessoal. Mas, alto aí! Sou ambientalista, venho acompanhando o caso e concordo plenamente com a declaração do cineasta (veja as postagens TRF FAZ ACORDO PARA TROCAR JUIZ QUE SUSPENDEU BELO MONTE e  DOSSIÊ ATUALIZADO DE BELO MONTE ) , então, por que tal sentimento? Talvez seja o mesmo mecanismo psicológico que envolva população de dois países em conflito: são os governos que declaram guerra, mas as respectivas populações, não raro, acabam tomando as dores.

Elaborado pelo governo Lula, em especial por Dilma, então como ex-ministra das Minas e Energia e Chefe da Casa Civil, o plano de construir pelo menos 19 hidroelétricas na Amazônia, além de um atentado à sociedade e biodiversidade local, é uma verdadeira declaração de guerra ao já fragilizado clima mundial. Trata-se de alterar o maior sistema hídrico que se conhece sem ter a menor idéia das consequências. A floresta é uma das grandes responsáveis pela distribuição de umidade no planeta. Para as regiões Sul e Sudeste do Brasil, num fenômeno conhecido como “rios voadores”, a bacia amazônica envia uma trilha de nuvens carregada com o equivalente à vazão do rio Amazonas. Fenômenos semelhantes partem em direção às Américas Central e do Norte, além de ocasionalmente ultrapassarem os Andes em direção ao Pacífico. Considerando que o presidente é eleito democraticamente pelo voto da maioria da população e que as pesquisas apontam Dilma praticamente eleita no 1º turno, como nós, ambientalistas e potenciais formadores de opinião, vamos explicar às gerações futuras que não tivemos nada a ver com isso?

Sejamos responsáveis! Desde 2008, em praticamente todo o planeta estão sendo registrados, sucessivamente, recordes históricos de baixa umidade do ar nos respectivos períodos mais secos do ano. Nos meses tradicionalmente chuvosos os índices pluviométricos estão pulverizando, de longe, todas as medições já realizadas. O fato de serem recordes sucessivos, e de tal forma exacerbados, exclui quaisquer hipóteses de serem simples ocorrências de “El niño” ou “La niña”. Em atuação faz tempo, as mudanças climáticas finalmente chegaram ao nosso quintal. Quem estiver esperando o consenso do meio científico e alguma atitude de políticos tradicionais, fique sabendo que isso não acontecerá nem que a temperatura média suba 5ºC e o mar avance 3m. Não é preciso ser meteorologista para prever que a posse do futuro presidente certamente se dará em meio a recordes de chuvas no Sudeste, com a maior parte das águas vindas da Amazônia e Lula dizendo, mais uma vez, que só nos resta “rezar para Papai do céu fechar a torneira”.   

Desinformação. O caderno economia do Estadão apresentou, neste domingo, uma matéria indicando que na região Sudoeste de São Paulo não chove há 65 dias e que o prejuízo da seca no Brasil deverá elevar os preços dos produtos agrícolas. Citando a agência meteorológica Climatempo, o jornal atribui a culpa ao “La niña”, que supostamente ao contrário de 2009, estaria fazendo de 2010 um ano mais seco. Será? Janeiro último foi o mês mais chuvoso da história de São Paulo. O jornal ainda destaca o comentário de um agricultor, cuja represa de irrigação está secando: “estamos nas mãos de São Pedro”. Em momento nenhum a matéria cita as mudanças climáticas nem o projeto da bancada ruralista e base aliada do governo federal para alteração do Código Florestal, no qual está prevista, entre outros absurdos, a possibilidade de redução á metade da faixa mínima de matas ciliares, aquelas que protegem os corpos d’água.

Na propaganda eleitoral petista é dito que as notícias de escândalos não passam de desespero da oposição. Neste caso, nós, ambientalistas estamos desesperados há 8 anos, com requinte de crueldade especial desde que Dilma assumiu a Casa Civil e se embrenhou nos PACs. Porque ficar neutro?

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

CÓDIGO FLORESTAL É VÍTIMA DE PLANO COVARDE

Faz mais de 2 meses que a comissão especial da Câmara, liderada pela base aliada do PT, aprovou as mudanças ruralistas no Código Florestal Brasileiro (CFB). O projeto ainda seguirá para votação em plenário na Câmara e no Senado e, por fim, será submetido ao então Presidente da República, que poderá ser o Lula ou sua candidata. Contrária às mudanças no CFB, Marina Silva cobrou , na época, posicionamento de Serra e Dilma, sem nenhuma resposta até o momento.

É consenso entre os ambientalistas que qualquer dos artigos que integram o projeto de mudança é incompatível com a sobrevivência dos biomas terrestres brasileiros. O veto deve ser total! Contudo, a estratégia ruralista do “pede 5 para ganhar 3” encontrou no Ministério do Meio Ambiente o parceiro ideal para negociar o inegociável. Ao leigo parecerá que os ruralistas cederam ante o “heróico” esforço do Ministério. Nem Nicolau Maquiavel pensaria em uma estratégia tão sórdida.