sábado, 25 de setembro de 2010

SOBRE VELHOS MODELOS

Sejamos sinceros! Não foi só o governo. Cultuamos tanto o que conseguimos que esquecemos o que poderíamos (deveríamos) ter conseguido. Tudo sob uma surreal noção de desenvolvimento que precisaria do óbvio, e até redundante, incremento do termo sustentável para fazer sentido. Trata-se de um longo processo que nos deixou avessos a novas formas de fazer economia e política, que poderiam levar em conta os diferenciais do Brasil e ter a coragem de ir a fundo nas mudanças. Os sinais são muitos, mas, às vésperas das eleições, o alerta veio de onde menos se esperava.

Após declarar, em entrevista, que o modelo cubano não funciona mais, Fidel Castro foi a público explicar que foi mal interpretado quando quis dizer que, na verdade, o modelo capitalista é que não servia mais para os EUA, pro mundo nem para Cuba. Considerando as mudanças que seu irmão vem fazendo, não faltaram artigos de especialistas brasileiros em política caribenha afirmando que se tratava de um jogo de cena para acalmar e preparar a população desesperada com a iminente queda do insustentável sistema da ilha. Contudo, a nossa doutrinação neoliberal é tanta que ninguém cogitou a possibilidade da segunda afirmação também estar correta: o capitalismo simplesmente está obsoleto, incompatível com a realidade socioambiental do planeta.

É consenso entre ambientalistas que se o padrão de consumo americano for adotado por todos os países (mais ou menos 7 bilhões de pessoas) precisaríamos de, pelo menos, mais 3 planetas com o diâmetro da Terra para extrair recursos e colocar dejetos. Contudo, não só cultuamos tal padrão de consumo como dependemos dele. Na recente crise mundial deflagrada em 2008 as primeiras medidas do governo foram incentivos fiscais às montadoras e ao crédito. Isso porque no nosso sistema econômico a geração de empregos depende de um patamar de consumo cada vez maior.

Fala-se muito de “capitalismo verde”, com empresas produzindo produtos cada vez mais “verdes”. Sou a favor de produtos ambientalmente corretos e elaborados sem crueldade com os animais, mas, enquanto o consumo não for desvinculado da geração de emprego continuaremos no mesmo ciclo vicioso que vem destruindo o meio ambiente. Alguma sugestão?

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