terça-feira, 26 de outubro de 2010

VEJA A AMAZÔNIA COM SEUS PRÓPRIOS OLHOS

HÁ QUEM OLHE PARA A AMAZÔNIA E VEJA MINAS, HIDRELÉTRICAS E PASTO, POR OUTROLADO, FELIZMENTE, HÁ QUEM VEJA UMA MARAVILHOSA BIODIVERSIDADE AGINDO DE FORMA INTEGRADA PARA MANTER A VIDA NO PLANETA, LEIA A SEGUIR O ARTIGO DA FOLHA DESTA 3ª FEIRA (26/10/2010) E REFLITA SE O SER HUMANO TEM CONHECIMENTO PARA PREVER O IMPACTO DE GRANDES OBRAS NA REGIÃO:


AMAZÔNIA GANHA UMA NOVA ESPÉCIE A CADA 3 DIAS

GIULIANA MIRANDA

DE SÃO PAULO

A enorme biodiversidade da Amazônia é velha conhecida dos cientistas, mas agora eles estão mais próximos de quantificá-la. Um novo relatório mostra que, entre 1999 e 2009, foram registradas 1.222 novas espécies na região --o equivalente a um novo achado a cada três dias.


Isso significa que, sozinha, a floresta amazônica revelou mais espécies do que a soma de outros biomas reconhecidamente biodiversos, como Bornéu e a bacia do rio Congo, no mesmo período.


Entre as novidades estão tipos de piranhas, macacos, papagaios, sapos, um boto-cor-de-rosa e até uma gigantesca sucuri. Os dados estão no relatório "Amazônia Viva!", que acaba de ser lançado pela ONG WWF.

O documento compila dados de oito países e da Guiana Francesa (território francês), locais por onde se estende o bioma amazônico.

O resultado só considera os vertebrados. De acordo com o relatório, "milhares de invertebrados documentados" ficaram de fora.

"O número impressionante de descobertas mostra que, se aumentarmos o esforço de pesquisa, temos potencial para localizar ainda mais espécies", afirma Mauro Armelin, mestre em ciências florestais e coordenador do Programa da Amazônia da WWF-Brasil.

O Brasil, país que tem a maior "fatia" da floresta, destacou-se com seus primatas. Das sete novas espécies, seis estão em território nacional.

Contando com eles, foram registrados 39 mamíferos. Na Bolívia, foram encontradas novas espécies de botos, que se distinguiriam de seus "parentes" brasileiros por terem corpo e cabeça menores, além de mais dentes.

As plantas são responsáveis pela maior parte das novas espécies. Foram 637 na última década.

Os peixes vêm atrás, com 257 novos registros. Também foram contabilizados 216 novos anfíbios, 55 répteis e outras 16 aves.

Apesar de recém-descobertas, muitas das novas espécies já estão em perigo.

A pressão da agricultura, a expansão da pecuária e a construção de grandes hidrelétricas na região ameaçam o habitat de espécies que dependem de um frágil equilíbrio para sobreviver.

É o caso do Coendou roosmalenorum, um minúsculo ouriço encontrado nas margens do rio Madeira, em Rondônia. O bichinho foi descoberto durante uma expedição de resgate de fauna na área, afetada pela construção da hidrelétrica Samuel.

"Quanto maior o potencial de retorno econômico ligado ao habitat dessas espécies, mais ameaçadas elas estão", disse Mauro Armelin.

Segundo o coordenador, o Estado tem um papel importante para a preservação das novas e das antigas espécies.

"O BNDES financia grandes obras de infraestrutura aqui e no exterior. É preciso ligar essas ações aos esforços de preservação", avalia.

O relatório completo estará disponível para o público no site da WWF-Brasil, em inglês e em português.

domingo, 24 de outubro de 2010

PV INDEPENDENTE E TRANSGÊNICOS

A independência (não neutralidade) do PV no 2º turno deve-se à insatisfatória resposta dos presidenciáveis à carta enviada pelo partido, contendo pontos fundamentais da campanha de Marina. Dilma e Serra deixaram de fora, por exemplo, a implantação da rastreabilidade e rotulagem dos produtos transgênicos (já previstos em lei), o que garantiria ao consumidor um poder ambiental sem precedentes.

Evitar a liberação indiscriminada dos transgênicos, aliás, foi um das muitas batalhas travadas por Marina, enquanto ministra do Meio Ambiente. Em outubro de 2004, depois que mais de 50 mil agricultores gaúchos já haviam plantado a soja transgênica da Monsanto (90% das sementes), o governo emitiu medida provisória liberando a comercialização. A tática da empresa de contaminar para depois forçar a legislação estava prestes a surtir efeito no Brasil.

Num verdadeiro jogo de xadrez com o governo, e diante do fato consumado, Marina tentou minimizar o estrago exigindo que o veto final ficasse com o Conselho Nacional de Biossegurança, que colocava os Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente no controle da produção de alimentos. Obviamente a ministra vislumbrava vetos às futuras safras, antes do respectivo plantio. A resposta de Lula não poderia ser mais truculenta: além de editar MP prorrogando o plantio da soja transgênica na safra 2004-2005, tirou o poder de veto do Conselho. As lágrimas de Marina com a derrota foram amplamente documentadas na mídia.

Pela preservação ambiental, frente a um governo que nunca perdeu a chance de dizer que o meio ambiente é um obstáculo ao desenvolvimento, Marina recebeu, dentre outros, os seguintes prêmios: “2007 Champions of the Earth”, o principal prêmio da ONU na área ambiental; “Eco & Peace Global Award”, entregue durante a ECO 2008 - Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Cultura da Paz, realizada em Brasília; “medalha Duque de Edimburgo”, em outubro de 2008, entregue no palácio de Saint James, em Londres, o prêmio mais importante concedido pela Rede WWF; “Climate Change Award”, oferecido em 10 de outubro de 2009, pela Fundação Príncipe Albert II de Mônaco...

domingo, 17 de outubro de 2010

GOVERNO SABOTA PROJETO DE MARINA EM PLENO 2º TURNO

Desde a última quinta (14/10), sob a premissa de que seria “muito preservacionista”, o governo está revendo o PAS (Plano Amazônia Sustentável), elaborado por Marina durante 3 anos, enquanto ministra. Finalizado em 2008, apesar das barganhas impostas por Dilma (acreditem, ela se acha co-autora), o plano estranhamente foi delegado por Lula à Secretaria de Assuntos Estratégicos, que jamais o implantou. O episódio foi a gota d’água para a então saída de Marina do ministério e do partido.  
A nova versão do plano deverá incluir mineração, defesa e hidrelétricas, dando continuidade a um conjunto de medidas fartamente divulgadas neste blog para, literalmente, invadir a Amazônia. Começou com o decreto 7.154 de 9/04/10, que permite, dentre outros, a construção de hidrelétricas em unidades de conservação, depois veio o obscuro leilão de Belo Monte até chegar ao absolutamente destrutivo projeto ruralista de alterações do Código Florestal Brasileiro.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

AMBIENTALISTA NÃO É BOBO!

O assédio de Serra ao PV demonstra aproximação com o partido, mas não basta para conquistar os votos verdes, responsáveis por um 2º turno que quase não aconteceu. A maior parte dos eleitores de Marina votou em um programa de governo consistente e fortemente amparado na vertente ambiental, coisa que nenhum dos candidatos exibiu até agora, e muito menos no debate realizado pela BAND na semana passada.

Quanto a Dilma, seria muita falsidade tentar aproximação justamente com a outrora ministra do Meio Ambiente (Marina) que ela ajudou a sabotar. Tem ainda o fato de que a proposta ruralista de alteração do Código Florestal Brasileiro (CFB) ter sido apresentada pela base aliada do PT. Para quem não sabe, as eleições fortaleceram a bancada ruralista no Congresso Nacional, restando, em última instancia, o veto do futuro Presidente da República ao projeto de alteração do CFB, o que Dilma jamais faria. A esta sobra apenas anunciar números esporádicos de redução do desmatamento na Amazônia, que de nada valem diante das 19 hidroelétricas que o PAC2 pretende fincar na região. Parece que os presidenciáveis se esqueceram de que os ambientalistas, independente da escolaridade, têm uma visão bem fundamentada sobre a real situação do país e do planeta.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

VOTANDO COM HUMILDADE PERANTE A NATUREZA

 “Em nome das conquistas não devemos ser compassivos com os erros”. A frase dita por Marina, ainda no estúdio do debate desta 5ª, para o Jornal da Globo, merece uma atenção especial diante do comportamento de onipotência de Lula e sua pupila, supostamente “autorizados” pela popularidade alcançada. Subiram num pedestal tal que desdenham até do poder judiciário. Mas o problema maior é quando acham que estão acima da natureza. Aí não cabe recurso, apenas a implacável lei de ação e reação.

O PT embarcou numa onda de obras monumentais, como que querendo superar o governo militar. Mas há uma enorme diferença! Agora vivemos época de mudanças climáticas e as maiores obras do PAC2 serão as 19 usinas hidroelétricas justamente na bacia amazônica, a maior distribuidora de umidade do planeta. As consequências em absolutamente nada serão atenuadas pelo Bolsa-Família ou qualquer outro avanço. Aliás, o termo “Bolsa-empreiteira” atribuído por Plínio ao governo cai como uma luva. Só que a natureza não brinca, não negocia, não debate e não está nem aí para piadinhas ou conquistas. Pense bem antes de votar em alguém que pratica a política do “tudo pode”.

Marina é a candidata certa, no lugar certo, no momento certo. Com os recordes de chuvas e baixa umidade que se sucedem desde 2008, está mais do que claro que as mudanças climáticas chegaram ao nosso quintal. Como diria Fritjof Capra, chegamos a um ponto de bifurcação imposto pelas consequências da noção de desenvolvimento desvinculada da sustentabilidade. A chance de votar em uma ambientalista para presidente é agora, único momento que de fato nos pertence.