sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

FALANDO SÉRIO SOBRE AS CHUVAS

Desde 2009, quando a pressão das águas pluviais romperam as tubulações abaixo do parque da Aclimação, em São Paulo, o país vem registrando, sucessivamente, índices alarmantes de chuvas com ventos fortes e secas em seus respectivos períodos, o primeiro dos sintomas previstos para um cenário de mudanças climáticas severas. Janeiro de 2010, por exemplo, foi, até o momento, o mês mais chuvoso da história na capital paulistana desde que começaram as medições na década de 1930. Diante de uma média de 220 milímetros para o período e recorde anterior de 424,9 milímetros (em 1989), uma estação meteorológica na zona norte da cidade registrou incríveis 628,9 milímetros. No mesmo ano, São Paulo teve o inverno mais seco já registrado. Tudo indica que o fenômeno tende a se agravar ao longo da década.


Janeiro de 2011 nem terminou e o país já registra a maior tragédia supostamente natural de sua história. Isso porque outra característica das mudanças climáticas, ainda mais grave do que a superação das médias pluviométricas, se manifestou: as super tempestades. Em apenas uma noite choveu 180 milímetros em Nova Friburgo, cidade que, ao contrário de Petrópolis, Teresópolis e Itaipava, não tem histórico de grandes deslizamentos.

Em 20/01/11, treze bairros de Nova Iguaçu, na baixada fluminense, foram atingidos por nada menos do que um inédito tornado nível F1. Casas e postes foram destruídos, animais e pessoas foram arrastados e, obviamente, faltou luz. Outra baixada, a de Jacarepaguá, ainda mais vulnerável a chuvas, ventos e elevação do nível do mar receberá bilhões de dólares em construções para abrigar a Olimpíada no Rio em 2016. Desinformação?

Infelizmente, grande parte do meio científico ainda não entendeu que não há mais espaço para conservadorismos. A todo momento comentam que as chuvas na região sudeste têm como principal causa “corredores de umidade” vindos da Amazônia. O nome correto é “rios voadores” por um motivo muito simples: trata-se de uma trilha de umidade capaz de carregar o equivalente à vazão do maior rio do planeta, o Amazonas. Colocados os nomes corretos, sem medo de utilizar um termo inventado por outro cientista, como se patenteado fosse, dá pra ter uma noção do estrago do que pode ocorrer quando o fenômeno ganha força nas mudanças climáticas.

Alguns “especialistas” ainda mais conservadores vão sempre recorrer ao “el niño” ou à “la niña”, mas a verdade é que estes fenômenos estão perdendo suas características diante das já constatadas mudanças nas correntes marítimas, decorrentes das alterações de salinidade, densidade e temperatura nos oceanos. Infelizmente, em todas suas esferas, o poder público não dá o menor sinal de sequer reconhecer o problema, muito menos de tomar providências nas dimensões necessárias.

Misturando raios, chuva e ventos com intensidades inéditas, as tempestades terão maior potencial para causar alagamentos e deslizamentos, que, além de destruir o que está no caminho, levam águas contaminadas (esgotos, lixo em geral, doenças) e lama para os reservatórios, plantações e residências. Se combinarmos isto aos apagões causados pela destruição de postes e linhas de transmissão, teremos a inevitável falta d’água. Isso porque é a eletricidade que bombeia a água até as residências e daí até a caixa d’água. Imagine a situação em abrigos, creches e asilos.

Mais do que nunca serão necessárias caixas d’água capazes de suportar mais de 1 semana; sistemas de captação, armazenagem e filtragem da água de chuva, geradores residenciais e telhados resistentes. Uma coisa já ficou mais do clara: não dá para esperar que as autoridades façam alguma coisa, já que sequer conseguem impedir construções em áreas de risco. Pior, estão tentando, a qualquer custo, construir hidrelétricas na Amazônia e mudar o Código Florestal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário: